A campanha foi antecipada de 1º de dezembro para maio, em razão da crise e da mobilização causadas pela pandemia do novo coronavírus em todo o mundo
Por Eliane Trindade e Giovanna Reis/ Folhapress
Nesta terça-feira (5), foi instituído o Dia de Doar Agora, #GivingTuesdayNow, nova data global de doações. A campanha foi antecipada de 1º de dezembro para maio, em razão da crise e da mobilização causadas pela pandemia do novo coronavírus em todo o mundo.
Só no Brasil, mais de R$ 4 bilhões já foram doados para combater a Covid-19, de acordo com o Monitor das Doações, com recordes sucessivos sendo batidos semana após semana.
"A pandemia nos mostrou o poder da doação e a vontade das pessoas de ajudar. É uma oportunidade de transformar essa boa vontade em um ato permanente, que independa de situações de emergência", diz Márcia Woods, presidente da ABCR (Associação Brasileira dos Captadores de Recursos), responsável pelo Dia de Doar no Brasil.
Diversos materiais de divulgação do movimento, sugestões para a cultura de doação e dicas para as organizações estão disponíveis no site. Lá também consta um mapa que destaca a generosidade ao redor do mundo.
Desde 2013 o Brasil participa do Dia de Doar, que começou um ano antes nos Estados Unidos. Atualmente, a campanha é mundial e conta com a participação de 45 países. O #GivingTuesday (terça-feira de doação), como é conhecida a data, é promovido sempre na primeira terça-feira depois do Dia de Ação de Graças nos EUA.
A proposta do Dia de Doar Agora é celebrar as doações já recebidas e mostrar o poder de transformação que elas têm quando feitas em conjunto, como a expansão da generosidade e o engajamento cidadão.
De acordo com o Monitor de Doações, as campanhas já captaram mais de R$ 276 milhões no Brasil, respondendo por 7% do volume de dinheiro carreado para filantropia nos últimos dois meses.
"É muito impressionante termos captado R$ 6,3 milhões em tão pouco tempo", avalia Rodrigo Pipponzi, que lançou o movimento Família Apoia Família para doar cestas básicas e viu a plataforma ganhar proporção e impacto.
A expectativa é chegar aos R$ 8 milhões em doações na próxima semana e com o impulso do Dia de Doar Agora.
A proposta é que cada participante do Dia de Doar Agora possa fazer sua própria campanha, com liberdade para adaptar, criar sua inciativa e compartilhar em suas mídias sociais.
Nesse contexto, o fundo emergencial Volta por Cima espera potencializar novas doações no Dia de Doar Agora para auxiliar, pelo menos, 50 empreendedores à frente de negócios que impactam as mais de 13 milhões de pessoas que vivem nas comunidades periféricas do Brasil.
A iniciativa é resultado da aliança estratégica entre o Banco Pérola e a Articuladora de Negócios de Impacto da Periferia, composta pelas organizações A Banca, Artemisia e FGVcenn.
"Embora não possamos estimar o que vamos vivenciar em um futuro próximo, acreditamos que esses empreendedores serão cada vez mais necessários para conter a escalada da pobreza e da escassez econômica em um país durante e pós pandemia", afirma Maure Pessanha, diretora-executiva da Artemisia.
Edgard Barki, coordenador do FGVcenn, ressalta que o fundo Volta por Cima tem o objetivo de apoiar negócios com impacto social. "Esse fundo é de extrema relevância para que empreendedores de periferia, que sempre buscaram resolver problemas sociais e/ou ambientais, possam sobreviver e conseguir continuar impactando mais no futuro."
O fundo, que já recebeu doações de empresas e institutos, também busca o apoio de pessoas físicas, que podem se informar pelo site.
Cada negócio selecionado pelo fundo receberá R$ 15 mil, que podem ser pagos em até 12 parcelas sem juros, com carência de seis meses.
Para Marcelo Rocha, o DJ Bola, fundador do negócio social A Banca e cofundador da Articuladora de Negócio de Impacto da Periferia (Anip) é mais do que necessário e urgente "dar acesso a empréstimo de forma simples, sem juros e com condições especiais".
Entre as iniciativas que lançaram campanhas em meio à pandemia está o Fundo Emergencial para a Saúde - Coronavírus Brasil, que chegou a R$ 10 milhões captados no período.
Criada pelo Idis, BSocial e Movimento Bem Maior, que também fomenta a cultura de doação no país, a iniciativa já conta com mais de cinco mil doadores. O valor arrecadado é repassado para os hospitais São Paulo e Santa Marcelina, Comunitas, Fiocruz e Santa Casa de São Paulo.
"É um movimento inédito que engaja empresas, grandes filantropos e a sociedade como um todo para fortalecer o sistema público de saúde", afirma Paula Fabiani, presidente do Idis.
O Dia de Doar é realizado pelo Movimento por uma Cultura de Doação, que reúne organizações e indivíduos que atuam pela promoção de um país mais generoso.
"A filantropia é uma decisão fundamental para a transformação do mundo e do Brasil, ressignificando a definição de colaboração e união, e estimulando uma cultura de empatia e doação. O investimento social privado é estratégico e complementar a políticas públicas e corporativas. Juntos poderemos fazer a diferença em um mundo tão desigual", afirma Carola Matarazzo, presidente do Movimento Bem Maior.