A Justiça estadual da Bahia deferiu uma liminar suspendendo a festa "Plano B do Carnaval", organizada pela influenciadora Gkay e pela marca de bebidas Beats, da cervejaria Ambev, com a presença de artistas como a cantora Anitta. A festa aconteceria no período do carnaval em um condomínio no litoral de Camaçari, cidade da Grande Salvador.

O questionamento na Justiça foi feito pelo próprio Condomínio Busca Vida, empreendimento imobiliário de luxo no litoral norte onde fica a casa alugada para a festa. O condomínio fica na área de proteção ambiental Joanes-Ipitanga, área de desova de tartarugas.

A organização previa oito dias de festa entre fevereiro e março, incluindo o período carnavalesco. Com a decisão da Justiça, decidiu restringir a festa à área interna da casa, não utilizando o palco que havia sido montado na área da piscina.

O governo da Bahia cancelou a realização do Carnaval de rua em 2022 após a escalada de novos casos da Covid-19 com a variante ômicron. Festas privadas com público de até 1.500 pessoas são permitidas.

Em nota, a administração do condomínio Busca Vida argumentou que a realização de eventos comerciais do porte desta festa vai de encontro com as normas da Convenção, Regimento Interno e Regulamento de Uso e Ocupação do Solo do condomínio.

Também destacou que a festa prejudicaria "a segurança, o sossego, a saúde dos vizinhos e o meio ambiente" e que o condomínio preza "pela paz e o bem-estar dos condôminos, como também pela preservação do meio ambiente, cabendo ainda destacar que estamos vivendo um momento de defeso e desova das tartarugas marinhas em nossa praia".

A festa contaria com uma estrutura de palco, caixas acústicas, iluminação difusa. Segundo a administração do condomínio, estes equipamentos teriam o com potencial para comprometer o ciclo de desova das tartarugas marinhas. A Ambev foi procurada, mas ainda não se posicionou sobre a suspensão da festa.

Por: José Matheus Santos

O Comitê Científico do Consórcio Nordeste emitiu um parecer técnico, nesta quinta-feira (03), em que recomenda a proibição de festas privadas de Carnaval.

Além disso, o colegiado propõe o cancelamento dos feriados no período da folia -em alguns estados a data é ponto facultativo apenas- e a ampliação das campanhas de vacinação contra a Covid-19.

Em 2022, o Carnaval está previsto para acontecer de 26 de fevereiro (sábado) a 1º de março (terça-feira).

Os municípios de Recife, Olinda e Salvador, principais polos da folia no Nordeste, já cancelaram as festas públicas carnavalescas.

No caso de Pernambuco, a decisão sobre a realização ou não de eventos privados no período caberá ao governo do estado e a expectativa é que isso aconteça até 15 de fevereiro.

Na Bahia, o governo estadual reduziu a capacidade de eventos de 5.000 para 1.500 pessoas, o que provocou cancelamento de parte das festas, mas não há uma posição sobre a proibição total deste tipo de evento.

A Prefeitura de Salvador também não decidiu se vai aguardar uma decisão do estado ou se vai impor alguma restrição por conta própria.

O parecer do consórcio afirma que a ômicron é quatro vezes mais transmissível que a delta, e atribui o menor número de mortes atual pelo "fato de grande parcela da população já estar vacinada, o que faz com que os números de hospitalizações e mortes sejam menores que os das ondas anteriores".

"No momento, é impossível prever com segurança quando o novo pico será alcançado e qual será a duração da nova onda", diz trecho do parecer.

Para os cientistas do consórcio, a manutenção dos feriados de Carnaval "poderá se constituir num estímulo para a população ir às ruas, promovendo aglomerações, o que poderá resultar no agravamento do quadro da pandemia".

Quanto à proibição das festas privadas e de shows que possam gerar aglomerações, o comitê afirma que esses eventos "intensificariam a transmissão do vírus, como ocorreu no Réveillon, e resultariam no prolongamento da terceira onda no Brasil".

"O comitê científico tem clareza sobre as dificuldades políticas e os prejuízos econômicos decorrentes desta medida. Porém, o mais importante no momento é salvar vidas. E vidas não têm preço. Naturalmente, após o término da pandemia, novos feriados extraordinários poderiam ser criados pelos governos", diz o comitê.

Em dezembro, o comitê científico recomendou aos governadores e prefeitos o cancelamento das festividades públicas de final do ano e do Carnaval, alertando que a ômicron poderia causar um aumento na transmissão do vírus e provocar uma nova onda da pandemia.

Levantamento da Folha divulgado na terça-feira (1º) mostrou que quatro estados do Nordeste enfrentam uma situação crítica na ocupação de leitos de terapia intensiva. O mais grave é Pernambuco, onde os leitos de UTI chegaram a 88% de ocupação na segunda. No mesmo dia da semana anterior, o percentual era de 80%.

No dia 28 de janeiro, o Governo de Pernambuco proibiu os profissionais da saúde pública estadual de tirarem férias durante 60 dias, até o final de março, por causa da variante ômicron.
Ainda assim, o governo manteve até 15 de fevereiro a liberação para festas privadas com até 3.000 pessoas em espaços abertos e até mil pessoas em espaços fechados.

No Piauí, a taxa de ocupação chegou a 87%, superando o total registrado há uma semana, que já era alto, de 82%. Também estão em situação crítica os estados do Rio Grande do Norte e Ceará. No último, 81% dos 374 leitos de UTI para adultos estavam ocupados na segunda, de acordo com a secretaria estadual da saúde.

No Rio Grande do Norte, são 106 leitos de terapia intensiva ocupados e 21 disponíveis, uma ocupação de 83%. Por outro lado, a situação nas UTIs pediátricas arrefeceu com a expansão do número de leitos, e a ocupação caiu para 62%.

Os especialistas do comitê científico orientam os governos estaduais e os prefeitos a intensificarem as campanhas de vacinação contra a Covid-19 e justificaram que, mesmo com cerca de 70% da população brasileira completamente imunizada, o percentual "ainda não é suficiente para assegurar um cenário de tranquilidade e estabilidade".

A recomendação é que a rede de saúde da família do SUS (Sistema Único de Saúde) e os agentes comunitários sejam direcionados para participar da busca por não vacinados ou pelos que não receberam a segunda dose da vacina.

Outras medidas foram recomendadas, como a aplicação da vacina nas escolas para crianças e adolescentes e a implantação de pontos de imunização em locais de grande circulação, além do estímulo e da obrigatoriedade do uso das máscaras de proteção facial.

Por: Leonardo Augusto

Com níveis de ocupação de leitos de enfermaria e de unidades de terapia intensiva (UTIs) superiores a 80%, a prefeitura de Belo Horizonte determinou que a partir da próxima segunda-feira (31) sejam exigidos comprovante de vacinação e teste de Covid-19 para acesso a eventos realizados na cidade.

A decisão faz parte de estratégia da prefeitura de fechar o cerco a quem não quer se vacinar. Segundo dados divulgados nesta quarta (26) pelo prefeito, Alexandre Kalil (PSD), em conversa com jornalistas, 85% das internações na rede de saúde controlada pelo município são de pacientes que não compareceram aos postos de saúde para vacinação.

Kalil atribui o índice a pessoas que não acreditam na eficácia da vacina que, ao não se imunizarem, podem contribuir para a disseminação do vírus. "Não podemos nos expor a idiotas negacionistas", declarou. Os 15% restantes das internações são de pessoas com comorbidades, segundo o prefeito.

"O que estamos pedindo é teste e comprovante de vacina. Quem não conseguiu testar não vai poder ir a lugar nenhum que seja um evento", afirmou.

Entre apresentações de maior porte previstas em Belo Horizonte a partir da data de início da regra anunciada por Kalil está a partida entre Brasil e Paraguai, marcada para 1º de fevereiro no Mineirão, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo. Há ainda jogos pelo campeonato mineiro, que começou na terça (25).

Com relação a shows, está previsto para 13 de fevereiro, no Palácio das Artes, a principal casa de espetáculos da capital mineira, a apresentação dos músicos Chico César e Geraldo Azevedo.

Também como forma de evitar o aumento da circulação do vírus na capital, o prefeito anunciou o adiamento do início das aulas para crianças de 5 a 11 para 14 de fevereiro. A rede municipal retornaria no dia 3. Já a particular, no dia 1º. O objetivo é dar mais tempo para que as crianças dessa faixa etária sejam vacinadas.

A rede municipal de saúde de Belo Horizonte vem registrando aumento no número de crianças com Covid-19, assim como vem ocorrendo em todo o Brasil, depois da variante ômicron. "Faço um apelo como prefeito, pai e avô, se vocês se vacinaram, e a grande maioria vacinou, tenham o cuidado de vacinar seus filhos, netos e quem está sob sua responsabilidade. A vacina é absolutamente segura", disse.

O relatório da Covid-19 divulgado pela prefeitura de Belo Horizonte nesta quarta mostra que a ocupação de UTIs específicos para o tratamento da doença na cidade está em 82,1%. O uso dos leitos de enfermaria é de 82,2%.

Para reforçar o atendimento, a prefeitura de Belo Horizonte abriu entre os dias 18 e 25 de janeiro 37 leitos de unidades de terapia intensiva na cidade. A Secretaria Municipal de Saúde não divulga separadamente quantos são para tratamento de adultos e quantos são para crianças.

Nesta quinta (27), o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), anunciou a abertura de 30 leitos de UTI na rede da Fhemig (Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais) em Belo Horizonte. Do total, 20 são para atendimento a crianças e 10 para adultos.

Também em conversa com jornalistas, o governador, assim como Kalil, fez um apelo para que as pessoas se imunizem.

"O Estado está fazendo a parte dele, mas se as pessoas não tiverem consciência a situação não vai ser resolvida. Nós já aplicamos mais de 37 milhões de doses, mas ainda temos muitas pessoas que não tomaram ou não completaram o seu ciclo de vacina", declarou.

"Fica cada vez mais provado que pessoas que estão sendo hospitalizadas com o quadro grave são pessoas que se recusaram a tomar a vacina ou não voltaram para receber as outras doses. Precisamos de mais responsabilidade e consciência das pessoas", pontuou o governador.

Nesta terça (7), o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), confirmou que as festas e shows do tradicional Réveillon de Copacabana estão cancelados, e que haverá apenas queima de fogos na praia da zona sul carioca e em outros pontos da Cidade Maravilhosa.

O mesmo vale para o Réveillon na avenida Paulista, em São Paulo, que foi cancelado pela prefeitura na primeira semana de dezembro, após um estudo sobre a situação epidemiológica da cidade, e para as principais capitais do país.

Apesar da pandemia e do risco de avanço da variante ômicron no Brasil, estão liberados eventos privados, como os agendados em bares, restaurantes e hotéis. Portanto, use máscara para circular pelos espaços comuns, privilegie espaços abertos e tome a dose de reforço da vacina quando disponível.

"Da mesma maneira que eu posso não permitir a entrada de uma pessoa usando sunga no meu evento, eu quero que as pessoas que trabalham comigo se sintam confortáveis. Então vou continuar pedindo a carteira de imunização completa para entrar no meu evento", avisa o empresário Facundo Guerra, sócio das casas Blue Note, Lions, Yatch e Cine Joia.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) se colocou novamente contra o passaporte da vacinação contra a Covid-19. A medida foi adotada em vários países tanto para incentivar a imunização para combater o coronavírus quanto para frear a disseminação do vírus em restaurantes, bares e grandes eventos.

Em conversa nesta quarta-feira (9) com apoiadores, Bolsonaro disse que "jamais" pedirá comprovação da vacina. "O Supremo [Tribunal Federal, o STF] deu poderes para governadores e prefeitos. Falo da minha linha. Não fechei nenhum botequim e jamais vou exigir o passaporte de vacina de vocês", reforçou.

"Imaginem se tivesse o [Fernando] Haddad no meu lugar", falou Bolsonaro sobre o candidato do PT que concorreu contra ele para a presidência do Brasil em 2018. "Não queiram que a gente resolva todos esses problemas. Eles [prefeitos e governadores] estão com autoridade para tal", completou.

A fala de Bolsonaro distorce os poderes dos prefeitos e governadores, que, por decisão do STF, podem pedir a interrupção da atividade econômica durante a pandemia (os chamados lockdowns) por poucas semanas para conter picos da covid-19 e aliviar a pressão sobre hospitais superlotados.

Esse foi o caso em abril de 2021, o mês mais letal da pandemia no Brasil, que acumulou cerca de 82 mil mortes pela doença apenas em abril desse ano. O presidente diz que nunca se vacinou contra o coronavírus -pela idade, ele poderia ter tomado três doses - e já afirmou que será o último do país a se imunizar. A primeira-dama, Michelle Bolsonaro, se vacinou em setembro em uma viagem oficial do marido para os Estados Unidos.

Bolsonaro, no entanto, não seguiu os passos da esposa e se tornou piada internacional ao comparecer a um evento da ONU (Organização das Nações Unidas) sem ter a imunização contra a doença da pandemia.