Foram apreendidos centenas de documentos de alta qualidade, impressoras especiais, carimbos, selos e computadores dedicados às fraudes
Autoridades portuguesas desmantelaram uma quadrilha internacional que vendia falsificações de alta qualidade de documentos de diversos países. Na operação, realizada em Lisboa, dois brasileiros -um homem e uma mulher- foram detidos.
Foram apreendidos centenas de documentos de alta qualidade, impressoras especiais, carimbos, selos e computadores dedicados às fraudes.
"Temos a informação de que esta foi uma das mais relevantes apreensões feitas nos últimos anos na Europa, atendendo à capacidade de produção e diversificação de documentos que estavam a ser produzidos", afirmou Cristina Gatões, diretora do SEF (Serviço de Estrangeiros e Fronteiras), órgão responsável pela imigração em Portugal.
As investigações começaram em 2018, pela polícia do Reino Unido, mas ganharam dimensão cada vez mais internacional conforme as autoridades iam desvendando partes do esquema.
Participaram também a Europol (polícia europeia) e a Polícia Federal do Brasil.
Os dois brasileiros detidos viviam anteriormente no Reino Unido, tendo mudando recentemente para Portugal.
A decisão de efetuar as prisões na última segunda-feira (28) aconteceu justamente devido à alta mobilidade -e potencial risco de fuga- dos suspeitos.
Segundo a investigação, o grupo vendia as falsificações na chamada dark web -a parte da internet que não é alcançada por mecanismos comuns de busca e usada para atividades ilícitas.
O pagamento pelos serviços era feito através de bitcoins, criptomoedas de difícil rastreamento.
Cada documento falsificado custava cerca de 10 mil euros (cerca de R$ 65 mil).
"No decorrer desta investigação, foi possível apurar que a documentação fraudulenta era comercializada online e era remetida via postal para países como Reino Unido, França, Luxemburgo, Portugal, Holanda, Brasil e Estados Unidos", explicou a diretora do SEF.
Apenas na última semana, as autoridades portuguesas interceptaram cerca de 150 documentos falsificados nos correios. Os portugueses destacam a alta qualidade das falsificações da quadrilha.
"Foram apreendidos centenas de documentos de elevada qualidade. Estes documentos, para quem não tem competências policiais, passam por qualquer entidade privada, e até mesmo, pública. Servem por exemplo, para abrir contas ou ter outro tipo de relação no espaço da União Europeia", completou a diretora do SEF.
A maior parte dos documentos falsificados eram passaportes portugueses. Mas, diante da demanda, os falsários ampliavam as cópias para outros segmentos e nacionalidades, incluindo outros países europeus, árabes e até mesmo o Brasil.
Os detidos na operação, batizada de Fewas, serão apresentados à Justiça em breve.