Mike Pompeo disse que as decisões do governo americano sobre reabertura de fronteiras serão tomadas "com base na ciência e na razão, e não na política"
O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, afirmou nesta quarta-feira (8) que a relação dos EUA com o Brasil não é diferente da estabelecida com nenhum outro país quando o assunto é restrição de viagens.
Segundo Pompeo, as decisões do governo americano sobre reabertura de fronteiras serão tomadas "com base na ciência e na razão, e não na política."
"O relacionamento com o Brasil não é diferente do que o com qualquer outro país. Estamos implementando um conjunto de métricas que determinarão quando é apropriado e seguro para o povo americano permitir que as viagens venham de outros países", disse o secretário a um grupo de jornalistas.
No mês passado, os EUA vetaram a entrada de brasileiros e passageiros que estiveram no Brasil nos últimos 14 dias, como medida para tentar conter o avanço do novo coronavírus. EUA e Brasil são hoje os líderes no mundo em números de casos e mortes por covid-19.
Questionado pela reportagem se o Brasil precisaria alcançar um número mínimo de casos e vítimas para que os EUA reabram as fronteiras ao país, Pompeo preferiu não estabelecer metas e disse que as situações serão analisadas caso a caso.
"Avaliaremos cada país separadamente e tomaremos decisões informadas com base na ciência e na razão, não na política. Nós vamos acertar. Vamos garantir que façamos tudo o que pudermos para abrir novamente nossa economia o mais rápido possível. Queremos que as viagens internacionais sejam retomadas o mais rápido possível, e isso abarca nossos grandes amigos na América do Sul, incluindo o Brasil."
Pompeo também afirmou que o presidente Jair Bolsonaro é "perfeitamente capaz de tomar suas próprias decisões" na condução da pandemia.
Um dia depois de Bolsonaro informar que está contaminado com o novo coronavírus, Pompeo foi questionado pela reportagem se o brasileiro deveria mudar sua abordagem diante da crise.
Até agora, Bolsonaro minimizou o vírus, defendeu um remédio que não tem eficácia comprovada contra a covid-19 e tem se colocado contra o uso de máscaras e o distanciamento social.
"O presidente Bolsonaro é perfeitamente capaz de tomar suas próprias decisões sobre como proceder com a situação de saúde em seu próprio país", disse Pompeo.
Nesta terça (7), o secretário americano conversou por telefone com o ministro das Relações Exteriores, Exteriores Araújo, sobre o tema "e muitas outras coisas com relação ao nosso relacionamento."
"Eles são ótimos parceiros e amigos nossos", disse Pompeo.
Assim como Bolsonaro, o presidente Donald Trump tem insistido no negacionismo da crise diante dos novos picos de casos de covid-19 nos EUA. Nas últimas semanas, após um período de melhora, ao menos 35 dos 50 estados americanos tiveram alta no número de diagnósticos.
Trump, por sua vez, chegou a tratar com gravidade a situação, no meio de março, e defendeu o distanciamento social ao menos por um mês e meio. Depois, preocupado com o impacto da pandemia na economia em ano de eleição, passou a defender a reabertura do país.
Diferentemente de como fez quando o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, foi diagnosticado com covid-19, Trump ainda não se pronunciou publicamente sobre Bolsonaro.