Por: Leonardo Augusto
Com níveis de ocupação de leitos de enfermaria e de unidades de terapia intensiva (UTIs) superiores a 80%, a prefeitura de Belo Horizonte determinou que a partir da próxima segunda-feira (31) sejam exigidos comprovante de vacinação e teste de Covid-19 para acesso a eventos realizados na cidade.
A decisão faz parte de estratégia da prefeitura de fechar o cerco a quem não quer se vacinar. Segundo dados divulgados nesta quarta (26) pelo prefeito, Alexandre Kalil (PSD), em conversa com jornalistas, 85% das internações na rede de saúde controlada pelo município são de pacientes que não compareceram aos postos de saúde para vacinação.
Kalil atribui o índice a pessoas que não acreditam na eficácia da vacina que, ao não se imunizarem, podem contribuir para a disseminação do vírus. "Não podemos nos expor a idiotas negacionistas", declarou. Os 15% restantes das internações são de pessoas com comorbidades, segundo o prefeito.
"O que estamos pedindo é teste e comprovante de vacina. Quem não conseguiu testar não vai poder ir a lugar nenhum que seja um evento", afirmou.
Entre apresentações de maior porte previstas em Belo Horizonte a partir da data de início da regra anunciada por Kalil está a partida entre Brasil e Paraguai, marcada para 1º de fevereiro no Mineirão, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo. Há ainda jogos pelo campeonato mineiro, que começou na terça (25).
Com relação a shows, está previsto para 13 de fevereiro, no Palácio das Artes, a principal casa de espetáculos da capital mineira, a apresentação dos músicos Chico César e Geraldo Azevedo.
Também como forma de evitar o aumento da circulação do vírus na capital, o prefeito anunciou o adiamento do início das aulas para crianças de 5 a 11 para 14 de fevereiro. A rede municipal retornaria no dia 3. Já a particular, no dia 1º. O objetivo é dar mais tempo para que as crianças dessa faixa etária sejam vacinadas.
A rede municipal de saúde de Belo Horizonte vem registrando aumento no número de crianças com Covid-19, assim como vem ocorrendo em todo o Brasil, depois da variante ômicron. "Faço um apelo como prefeito, pai e avô, se vocês se vacinaram, e a grande maioria vacinou, tenham o cuidado de vacinar seus filhos, netos e quem está sob sua responsabilidade. A vacina é absolutamente segura", disse.
O relatório da Covid-19 divulgado pela prefeitura de Belo Horizonte nesta quarta mostra que a ocupação de UTIs específicos para o tratamento da doença na cidade está em 82,1%. O uso dos leitos de enfermaria é de 82,2%.
Para reforçar o atendimento, a prefeitura de Belo Horizonte abriu entre os dias 18 e 25 de janeiro 37 leitos de unidades de terapia intensiva na cidade. A Secretaria Municipal de Saúde não divulga separadamente quantos são para tratamento de adultos e quantos são para crianças.
Nesta quinta (27), o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), anunciou a abertura de 30 leitos de UTI na rede da Fhemig (Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais) em Belo Horizonte. Do total, 20 são para atendimento a crianças e 10 para adultos.
Também em conversa com jornalistas, o governador, assim como Kalil, fez um apelo para que as pessoas se imunizem.
"O Estado está fazendo a parte dele, mas se as pessoas não tiverem consciência a situação não vai ser resolvida. Nós já aplicamos mais de 37 milhões de doses, mas ainda temos muitas pessoas que não tomaram ou não completaram o seu ciclo de vacina", declarou.
"Fica cada vez mais provado que pessoas que estão sendo hospitalizadas com o quadro grave são pessoas que se recusaram a tomar a vacina ou não voltaram para receber as outras doses. Precisamos de mais responsabilidade e consciência das pessoas", pontuou o governador.