Rota percorre belezas singulares do Nordeste do estado e conta com apoio do projeto, desenvolvido conjuntamente por MTur, MAPA e UFF e que busca fomentar o turismo no campo
André Martins (MTur)
Na segunda reportagem da série sobre o Projeto Experiências do Brasil Rural, iniciativa do governo federal voltada ao fomento do turismo no campo, a Agência de Notícias do Turismo convida o leitor a “desembarcar” no Nordeste do Pará. Mais precisamente na cidade de Augusto Corrêa, a antiga Vila de Urumajó, então habitada por índios Tupinambá nos primórdios da história colonial amazônica e que, atualmente, é o ponto de partida de mais um dos oito roteiros do país contemplados pelo programa.
Trata-se da Rota Amazônia Atlântica, que conta com apoio do Projeto Experiências do Brasil Rural, desenvolvido pelos ministérios do Turismo, da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e a Universidade Federal Fluminense (UFF) para reforçar o aproveitamento de potencialidades. E não são poucas: estamos falando de um conjunto de oito atividades empreendedoras, que envolvem ainda atrativos em Bragança e Curuçá e permitem conhecer um pouco mais das singulares riquezas da região, a partir de passeios guiados por anfitriões.
Uma delas é a Fazenda Bacuri, uma agroindústria familiar e artesanal 100% orgânica, situada em Augusto Corrêa, distante cerca de 230 quilômetros da capital do estado, Belém. No local, é possível vivenciar a produção, degustar e adquirir geleias, licores, mel e frutas secas cultivadas em áreas de manejo florestal. A propriedade também proporciona o “micoturismo”, a observação noturna de fungos bioluminescentes na floresta. Na mesma região, o turista pode se hospedar no Hotel Urumajó, que segue valores sustentáveis, como a reutilização de móveis, objetos de decoração e utensílios, e que serve café da manhã com produtos nativos.
Segundo a idealizadora e gestora do roteiro, a engenheira florestal Hortência Osaqui, as capacitações do Experiências do Brasil Rural favorecem o aprimoramento da hospitalidade oferecida nos negócios envolvidos. “As capacitações tiveram fundamental importância para o norteamento e a orientação com relação à questão da hospitalidade. Entender esse conceito do que é hospitalidade, a importância do trajeto e da mobilidade dentro do nosso roteiro. Compreender que isso é um processo contínuo”, observa.
Ainda em Augusto Corrêa, o roteiro engloba o Sítio Raiz, no qual o turista acompanha o método tradicional de produção de farinha de mandioca, desde o plantio à elaboração de pratos como o beiju. Destaque também para o passeio de canoa Perimerim em Rota, que percorre o entorno da Ilha do Perimerim. Desenvolvida por pescadores, a atração permite contemplar o ecossistema local, com observação de pássaros e banhos. Há, ainda, o Rancho Amuré, onde é possível presenciar diferentes tipos de pescaria e provar peixe assado.
A coordenadora Hortência Osaqui ressalta que as qualificações do projeto contribuem para a valorização dos trabalhadores da rota. “Com essa capacitação, eles tiveram a oportunidade de quebrar paradigmas, de entender que são pessoas extremamente ricas de saberes. Temos observado que há um maior entendimento sobre o que é o turismo associado à produção, a importância de se estar nessa cadeia produtiva organizada. Eles conseguem entender que, através dessa cadeia, há uma maior geração de emprego e renda”, relata.
CURUÇÁ - O roteiro também inclui a Fazenda ‘Ostras da Amazônia’, localizada na Reserva Extrativista Mãe Grande de Curuçá, no distrito de Nazaré de Mocajuba, em Curuçá. A propriedade, rica em animais silvestres e belas florestas de manguezais conservadas, ostenta grandes bancos naturais de ostras, que podem ser degustadas no local. A cidade abriga ainda o Sítio Mearim, especializado na fabricação de produtos sazonais feitos à base de subprodutos de mandiocas e frutas da Amazônia.
BRAGANÇA - O turista também pode conhecer o Roteiro Retumbão, em Bragança, uma das cidades mais antigas do Pará. O município, cujo desmembramento deu origem a Augusto Corrêa, transpira cultura e história. O passeio remonta à chegada dos franceses, em 1613, percorrendo casarões construídos durante a "Belle Époque" na Amazônia, a partir da expansão da borracha. Bragança guarda, ainda, a Loja Ipê Porã, que comercializa artesanato elaborado a partir do reuso de embalagens e derivados de vidro e plásticos.
PROJETO - Além do Amazônia Atlântica, integram o Experiências do Brasil Rural os roteiros “Terra Mãe do Brasil, seus caminhos, segredos e sabores”, da Bahia, o Agroturismo do Espírito Santo; a Rota do Queijo Terroir Vertentes e a Rota Gourmet das Terras Altas da Mantiqueira, em Minas Gerais; o Caminhos do Campo, em Santa Catarina, e a Ferradura dos Vinhedos e o Roteiro Farroupilha Colonial, no Rio Grande do Sul. Após um diagnóstico inicial, agora, empreendedores participam de capacitações referentes às cadeias produtivas de interesse do projeto: queijos, vinhos, cervejas e frutos da Amazônia.
O ministro do Turismo, Gilson Machado Neto, destaca a atenção do governo federal à adequada estruturação do meio rural para o aproveitamento turístico das potencialidades do campo. “Os atrativos rurais do país - referência mundial no setor agrícola - têm um enorme poder de atrair visitantes. O nosso objetivo é ampliar a oferta turística nacional, bem como gerar alternativas de renda a agricultores familiares que também trabalham o turismo, com reflexos extremamente positivos na geração de emprego e renda”, explica.
A primeira etapa das qualificações do projeto consistiu na realização dos seminários virtuais “Visões de Mercado”. Durante as transmissões, realizadas por meio do YouTube do MTur, empreendedores de sucesso no turismo rural detalharam suas trajetórias e destacaram vantagens da capacitação (assista ou reveja aqui e aqui). Em uma segunda fase dos painéis online, em setembro deste ano, estão previstas outras palestras sobre temas apontados nos diagnósticos, também ministradas por especialistas.