Mesocosmo do Coral Vivo é tema de artigo publicado na ‘Ecology and Evolution’
O mesocosmo marinho do Projeto Coral Vivo funciona como uma “máquina do tempo”. Resumidamente, ele é um sistema experimental projetado para simular os impactos futuros das mudanças climáticas e da poluição costeira, com uso de tanques e aquários que recebem um fluxo contínuo de água do mar diretamente de um recife de coral do Sul da Bahia. Ele foi projetado para manter as características físico-químicas da água do mar, e, assim, buscar resultados mais realistas. Artigo sobre esse funcionamento acaba de ser aprovado na publicação “Ecology and Evolution”.
“Conseguimos reproduzir e manipular nos experimentos as oscilações naturais de temperatura e pH encontradas na água do mar entre os dias e as noites, ou diante dos ciclos das marés, ou entre as estações do ano, por exemplo, o que é uma inovação para a ciência”, destaca o coordenador de Políticas Públicas do Projeto Coral Vivo, o biólogo marinho Gustavo Duarte. Instalado em Arraial d’Ajuda, Sul da Bahia, esse sistema experimental foi realizado e é mantido com o patrocínio da Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental e o copatrocínio do Arraial d’Ajuda Eco Parque, assim como os experimentos realizados nele.
Os tanques e os aquários ficam ao ar livre, distribuídos no sentido Norte-Sul para receber a luz solar de forma homogênea. O sistema é capaz de simular até três cenários futuros de aumento de temperatura ou de acidificação dos oceanos, de forma isolada ou combinados, simulando as previsões do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) da ONU.
“Para que as condições de luminosidade fiquem mais próximas daquelas que os organismos recebem no mar, é usada uma proteção de tela de nylon que atenua a intensidade da luz em 70%, como se os organismos estivessem a três metros de profundidade”, explica Duarte, que tem o mesocosmo marinho do Coral Vivo como parte de sua tese de doutorado. Com uso de sensor, foi observada a incidência média no Parque Municipal Marinho do Recife de Fora, localizado em Porto Seguro, de onde os organismos são coletados para os experimentos.
Cabe ressaltar que o sistema fica em uma das regiões de maior biodiversidade marinha do Atlântico Sul, a região dos Abrolhos. No artigo da “Ecology and Evolution”, os pesquisadores citam experimento realizado com o coral Mussismilia harttii, por ser um dos principais construtores dos recifes brasileiros e pertencente a um gênero de corais que só ocorre na costa do Brasil. Eles observaram em análises de laboratório as variações da comunidade microbiana nos corais, que se alterou significativamente nos tratamentos elevados a +2ºC e + 4,5ºC.