Reservas biológicas como a de Sooretama, no Espírito Santo, e parques nacionais como o de Ubajara (CE) estão entre os destinos de birdwatch
Viajar para observar aves é uma prática que vem ganhando os roteiros de viagem. O birdwatch, como é conhecido, já atrai brasileiros e estrangeiros para mais de 50 destinos de ecoturismo no país. Nesses locais, de norte a sul, a grande atração é observar espécies raras com binóculo, como o pica pau bufador ou o beija-flor-de-gravata-vermelha e, quando possível, fotografá-los. São cerca de 1.900 espécies de aves no Brasil, sendo que parte delas só podem ser encontradas por aqui.
O birdwatch começou como uma atividade a mais na viagem de férias, dividindo espaço com o passeio à praia, o parque temático e os atrativos do local visitado. Hoje, no entanto, há grupos que viajam exclusivamente para este fim, assim como roteiros intimamente ligados à observação de aves. Não há números oficiais sobre os guias de turismo especializados nessa modalidade, mas reservas biológicas como a de Sooretama, no Espírito Santo, e parques nacionais como o de Ubajara (CE), contam com profissionais habilitados a orientar o viajante.
Com especialidade em observação de aves, o guia de turismo Giuliano Bernardon começou guiando estrangeiros. Ele afirma que destinos do Pantanal, da Amazônia (Manaus e Alta Floresta) e da Mata Atlântica estão entre os mais visitados. Segundo ele, a prática é uma atividade relaxante e ao mesmo tempo estimulante, de modo que, seus adeptos sentem-se como se tivessem com “um álbum de figurinhas que precisasse ser completado com novas espécies”. Esta é também a opinião da empresária Natália Ramos, de Curitiba, que, como turista, já coleciona fotos de mais de 300 espécies de aves de destinos do Brasil e do exterior. “As imagens são apenas o resultado de uma atividade prazerosa, que me coloca em contato com a natureza”, afirmou. Além disso, segundo, ela, a modalidade desperta uma consciência ecológica nos viajantes – e o respeito não só pelo meio ambiente, como também pela cultura local.
A Chapada Diamantina, na Bahia, apresenta mais de 400 espécies de ave da Caatinga, da Mata atlântica e do Cerrado. Ponto estratégico para observação de aves há 20 anos, a Casa da Geleia, na cidade de Lençóis, permite ver espécies como marias-pretas, sabiás, tibirros rupestres e cardeais. Ornitólogos, fotógrafos e observadores podem agendar uma visita e se hospedar por ali mesmo. Os roteiros de aves na Chapada Diamantina incluem, ainda, o Morro do Pai Inácio, em Palmeiras, a Mata do Remanso, o minipantanal Marimbus e a comunidade Barro Branco, em Lençóis, além da estrada da vila do Guiné, em Mucugê.
Dicas
Para observar aves é necessário caminhar lentamente e e em silêncio, usar trajes com cores discretas, evitar movimentos bruscos, respeitar uma distância mínima para que o animal não se sinta ameaçado, usar binóculo, estar acompanhado, de preferência, de um guia de aves e começar pelas aves a sua volta. Uma boa opção para quem deseja se iniciar no birdwatch pode ser associar-se a clubes de observadores de aves. O primeiro deles surgiu em São Leopoldo (RS) e acabou disseminando a prática pelo país.