A ocupação dos hotéis do Rio de Janeiro no réveillon foi de 98%, e índices acima de 95% foram registrados em Salvador e Florianópolis. Muitos estrangeiros visitaram o país no período, mas há um consenso entre os hoteleiros: a alta é motivada por uma participação cada vez maior das classes C e D no turismo. Em 2011, os dois segmentos devem movimentar R$ 11 bilhões no turismo, segundo o Instituto Data Popular.
“Este turista escolhe sempre destinos em que toda a família possa desfrutar. Ele raramente consome fora do pacote, e é bem exigente com o que foi adquirido. Os hotéis três estrelas são os mais procurados, mas a classe C não hesita em ter mais luxo se puder negociar uma redução na tarifa”, comenta Alexandre Sampaio, presidente da Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação (FBHA), entidade que reúne 65 sindicatos da hotelaria e gastronomia em todo o país.
O crescimento da renda familiar, as facilidades de parcelamento e a redução das tarifas aéreas são os principais fatores para as classes C e D estarem viajando mais. Segundo o mesmo estudo do Data Popular, 8,7 milhões de pessoas entrarão pela primeira vez em um avião este ano. “Acredito que hoje todos os destinos brasileiros apresentem pacotes e opções populares. Os cruzeiros, com o dólar barateado e com excursões temáticas, também já começam a ser vantajosos”, informa Sampaio.
A nova demanda já tem causado transformações mais profundas no setor: a maior parte dos novos empreendimentos hoteleiros no país atende ao perfil econômico. O Grupo Accor concentra sua expansão nas bandeiras populares. Já há contrato para a construção de 43 Ibis e a rede prevê a inauguração de 100 Formule 1 em cidades de médio porte nos próximos anos. A Rede Atlântica, segunda maior do país, quer inaugurar 22 hotéis até 2014. O Allia Hotels, surgido no ano passado da junção de três grupos hoteleiros nacionais, quer abrir 30 empreendimentos até a Copa do Mundo.
“E muitos hotéis que estavam defasados em termos comerciais estão se reposicionando para receber essa nova classe, principalmente em locais de turismo de massa”, completa o presidente da FBHA.