O evento recebeu 200 gestores de viagens de diversos estados brasileiros

Na última sexta-feira (1), foi realizado pela Hospitality Sales & Marketing Association International (HSMAI), o 6º TMMs Summit, evento exclusivo para buyers, no hotel Royal Palm Hall Campinas, no interior de São Paulo. Com o tema “De volta para o Futuro”, 200 gestores de viagens se reuniram para discutir as projeções para os próximos anos no setor.

À frente da abertura do encontro, Luciana Nogueira e Júlia Brito, board da HSMAI, deram início à agenda destacando o diferencial do evento, que foca completamente no profissional. “O evento foi feito por gestores para gestores”, completa Júlia. 

As Perspectivas econômicas para 2024

Para apresentar o contexto econômico para os próximos anos, Luis Otávio Leal, economista chefe na G5 Partners, ex-economista Chefe do Banco Alfa e Banco ABC Brasil, exibiu um overview do cenário internacional.

Destacando a economia da China, Luis Otávio explica que, apesar de ser conhecido por ser o motor da economia, o país está enfrentando um problema iminente no setor imobiliário, responsável por 20% do PIB do país. “76% da poupança chinesa está aplicada em imóveis. Ela continuará crescendo, mas não como estamos acostumados. O setor está em recessão”, explica o economista.   

Já os Estados Unidos, segundo o economista, está em um momento importante  de decisão sobre a taxa de juros. “O consumidor americano está gastando as reservas que acumulou durante a pandemia e a partir do trimestre que vem, vamos observar se a economia americana entrará em recessão", reitera. 

Para o Brasil, Luis Otávio se diz otimista com o crescimento a curto prazo, uma vez que a projeção do PIB de 2024 está atrelado à arrecadação do setor de serviços, que impacta diretamente na sensação econômica. “Um dos problemas mais sérios da economia brasileira é o crédito. Além disso, o comprometimento da renda do brasileiro está chegando a quase 30% em dívidas, o que faz ele não ter espaço para consumir”, explica Luis. Apesar disso, o profissional destaca que há movimentos na economia brasileira focados na volta do poder de compra da população, como a baixa de juros e programas como ‘Desenrola Brasil’. “Acredito que esse dezembro vai ser um dos melhores natais dos últimos anos”, completa. 

O profissional finaliza dando dicas para os gestores. “Mais pessoas buscando pacotes de viagem e com isso teremos uma pressão sobre o custo. Eu acho que nesse cenário, teremos  queda do preço do petróleo internacional, o que fará com que as passagens fiquem relativamente estáveis e ficará mais fácil financiar aéreo e hospedagens” finaliza. 

Negociações com Hotéis: Sourcing para Corporativo

Para dar início ao primeiro painel do evento, Hugo Souza, da B2B Reservas, sobe ao palco para realizar um quiz em tempo real no telão. 

Em seguida, Gabriela Oliveira, Global Travel Director no BTG Pactual, recebeu Priscila Souza, diretora de Vendas e Marketing do Royal Palm Plaza, Roseana Condé, Travel Manager da Vivo, Jamile Corrêa Martins, Analista de Facilities e Viagens da Braskem e o Marcos Fernando Gay, da B2B Reservas.

Gabriela apresentou a dados para hotelaria no Brasil, destacando a concentração de hotéis no Sudeste e Nordeste e revelando que a dificuldade de negociações são resultado de  hotéis de redes  muito engessados, hotéis independentes restritivos e rotatividade dos responsáveis pelo comercial, além de tarifas flutuantes e a demora para acompanhar as mudanças do mercado.

Gabriela convidou  a plateia a definir qual é a dificuldade para encontrar hotéis no Brasil. Segundo 60% dos presentes, a tarifa flutuante é a principal causa.

Para comentar os resultados, Priscila Souza avalia que é preciso entender como funcionam as tarifas dos hotéis. “Você consegue negociar uma tarifa menor, mas essa tarifa estará disponível sempre? Você consegue achá-la quando precisa?”. 

Jamile Corrêa também explica que o preço pode ser relativo de acordo com o que a cultura da empresa pede e espera daquela viagem corporativa. “Hoje, a preocupação pode ser  disponibilidade, atendimento de qualidade… é preciso entender a necessidade, além do preço”, completa.  

Para finalizar, Marcos explica que a tarifa dinâmica já está obsoleta e que o futuro é encontrar outros meios para as reservas. “Na verdade, já é o presente. Procurar uma TMC que auxilie na decisão, estar sempre acompanhando os valores e talvez, dependendo da época, a tarifa flutuante seja a melhor opção”, finaliza. 

Como a inteligência artificial afetará o futuro do trabalho? 

Para apresentar as novidades tecnológicas e como ela afetará a forma de trabalhar de todos, Gui Rangel, futurista, pesquisador, advisor, autor e SciFi experience designer, subiu ao palco. 

“O futuro se manifesta de maneiras diferentes em lugares diferentes e o objetivo inicial é preparar os profissionais para esse futuro”, explica. 

Segundo ele, apesar do futuro já estar tomando forma, nem todos estão preparados. Um exemplo disso é que é possível encontrar o modelo de trabalho home office enquanto ainda há o encorajamento a volta presencial. “Após o chat gpt, a Inteligência artificial, que ficava nos bastidores, começa a fazer parte da nossa vida, chega às massas e faz parte do nosso dia a dia”.

Para ele, em um futuro próximo, 60% a 70% das horas trabalhadas poderão ser automatizadas por IA e a parceria entre ser humano e máquina está se mostrando fundamental para os negócios no futuro. 

Os profissionais precisarão aprender a utilizar os prompts, necessários para conseguir ter as respostas mais completas para cada necessidade. “O futuro do trabalho vai ser personalizável e costumizável,empoderado pela IA, figital (físico e digital), diverso, movido por dados e acelerado e flexível.  Mas o mais importante, o ser humano estará no centro de todas as questões”, completa. 

Para finalizar, Gui Rangel lista as habilidades essenciais para o futuro do trabalho: 

  • olhar futurista
  • capacidade de julgamento e tomada de decisões
  • criatividade
  • habilidade com tecnologia
  • inteligência emocional
  • pensamento analítico
  • agilidade em aprendizagem 

 

NDC na Aviação: a personalização do serviço no Turismo

Para discutir o futuro da personalização nas empresas de aviação,  Marcel Frigeira, membro do Board Corporativo da HSMAI Brasil recebeu Ana Paula Zuppi, gerente Comercial Corporativo e M.I.C.E. da Gol Linhas Aéreas; Raphael de Lucca, Country Manager da Copa Airlines e Vivian Leão, Gestora de Viagens da União Química.

Marcel explica que NDC é um produto disponibilizado pelo IATA sem passar pelo GDS, que possibilita a distribuição de conteúdo com produtos segregados, que permitem ao consumidor personalizar suas passagens aéreas, pagando  por tudo que usar. 

Ana começou destacando que um dos principais benefícios é a conexão direta e a possibilidade de parametrizar toda a companhia aérea em uma linguagem única para quem consome. "Apesar disso, o NDC ainda não tem maturidade de atendimento para o viajante. Ainda está muito confuso e o sistema não está completo para liberar para o cliente final”, explica.  

Raphael completa que a nova tecnologia ainda está em uma curva de aprendizado e que os benefícios serão mais claros com o passar do tempo. “O custo de GDS é muito mais alto que o NDC, o que favorece empresas menores, por exemplo. Já começamos a vender bilhetes mais simples no NDC e futuramente, vamos ter um cardápio de produtos muito maior”, completa. 

Para Marcel, esse novo modelo permitirá autonomia para os viajantes, sendo capazes de negociar um produto customizado para cada necessidade. “As empresas vão entregar um produto que se encaixa perfeitamente e o viajante conseguir a tarifa que realmente precisa”. 

Vivian completa: “precisamos entender os benefícios e ouvir o cliente, entender a percepção e entregar dentro da necessidade”, finaliza. 

Desafios no Setor de Eventos: como engajar o público? 

Para falar sobre o setor de eventos, Juliana Patti, head de Eventos Latam da Bayer, recebeu Rogério Miranda, sócio-diretor Inteegra Tec, Fernando Cavalheiro, Fundador e CEO da CEP Transportes e Bruno Carvalho, EMS.

Para começar, Juliana explicou que os profissionais de eventos ficaram mais completos pós pandemia.  “Antes fazíamos só eventos presenciais, depois só virtual.  Hoje, temos a bagagem dos dois para entender o formato ideal para cada necessidade agora”. 

Bruno completou explicando que o principal ponto hoje é o conteúdo apresentado, principalmente em eventos gratuitos. “Quando pagamos, estamos 100% interessados no que será apresentado. Agora, quando convidamos, o maior desafio é conseguir levar algo relevante que prenda a atenção. Já é possível perceber uma mudança com a interação com o público”.

Já Rogério comenta que a novidade está muito ligada ao propósito do evento. É preciso utilizar as tecnologias a favor, seja no pré ou pós evento, com opções interativas capazes de fornecer os dados necessários para cada público. “Hoje o whatsapp pode ser usado como canal de comunicação para confirmar presença, por exemplo”. Fernando completa que é preciso “também engajar toda a rede de fornecedores do projeto, porque assim é possível trocar ideias e combinar formatos diferenciados desde o começo”. 

Para finalizar, os profissionais relembram a importância de conseguir reunir informações relevantes para  para entender o público e gerar experiência em próximos eventos e também para atingir o objetivo desejado. “Tudo vai gerar dado, mas como a gente utiliza esses dados pós evento? O desafio agora é  o que fazer com eles”, finaliza Bruno.