Por: Isabella Menon
Na geladeira, ovos de Páscoa são alocados na tentativa de que durem mais um pouco. Na televisão, comerciais estampam o Dia das Mães que está próximo. O frio de outono começa dar as caras em meio a chegada do Carnaval fora de época marcado para o feriado de Tiradentes.
A estranheza relacionada ao timing não parece inibir foliões, que estavam órfãos da festa há dois anos. A expectativa é que a folia seja mais tímida do que o país costuma ver em períodos não pandêmicos e o recesso será marcado tanto por desfiles de escolas de samba, quanto por festas fechadas e blocos de rua improvisados em São Paulo e no Rio de Janeiro.
Outros polos tradicionais da festa, como Salvador e Olinda, porém, não devem ter celebração nas ruas nos próximos dias.
Enquanto os tamborins são aquecidos e as fantasias são finalizadas, fãs da maior festa do país se planejam para os dias de badalação.
Uma delas é a paulistana Nathalia Spaolonzi, 34, que é apaixonada por Carnaval desde quando ouviu a bateria de um bloco quando criança.
"Fiquei muito chateada ano passado", afirma ela em referência à folia de 2021 que foi cancelada em meio a pandemia da Covid-19. Nesse período, para matar a saudade da avenida, ela buscava por sambas-enredos no YouTube e ficava assistindo.
Durante o isolamento social, ela fez uma tatuagem em homenagem a sua paixão. Agora, sua pele tem a imagem de uma máscara com penas. "Foi um jeito de carregar comigo algo que eu amo tanto", diz.
Agora, no feriado de Tiradentes, ela vai assistir aos desfiles de escolas de samba no Sambódromo do Anhembi, no sábado (23) e seguirá em busca de blocos de rua, no domingo (24). Quando pisar na avenida, ela define como o "Carnaval da vida".
"A primeira batucada que eu ouvir, meu olho vai encher de lágrima, a voz vai embargar e vou pensar 'era isso que eu estava esperando esse tempo todo''', diz.
Assim como Nathalia, a autônoma Aline Galvão, 23, está na expectativa para o feriado e, nos próximos dias, segue uma rotina intensa, já que vai desfilar em cinco escolas de samba. Ela afirma que todos com quem convive estão animados e emocionados por conseguir desfilar.
Voltar para a avenida, diz, é um alívio.
"Todo esse tempo sem Carnaval foi bem complicado e eu percebi que tava tentando suprir a falta dos ensaios com outras coisas que eu não gosto tanto de fazer, tipo indo a festas. Quando os ensaios voltaram, eu automaticamente parei."
Apesar da animação para o feriado, em meio a retomada da vida presencial, há quem ainda tema por aglomerações. A estudante de psicologia Giulia Lombardo, 26, está planejando curtir alguns blocos de rua pequenos, mas não sabe se todos os dias do feriado ou só um.
Antes da pandemia, ela e as amigas levavam o feriado a sério e se organizavam fazendo tabelas com horários de blocos. Agora, a cena mudou. "Não sei se estou muito preparada para lidar com tanta gente depois da pandemia", diz ela que, em fevereiro, foi com alguns amigos em blocos improvisados na rua. "Bateu fervor, foi gostoso, mas rolou uma culpa por ter me exposto muito."
Assim como Nathalia, a autônoma Aline Galvão, 23, está na expectativa para o feriado e, nos próximos dias, segue uma rotina intensa, já que vai desfilar em cinco escolas de samba. Ela afirma que todos com quem convive estão animados e emocionados por conseguir desfilar. Voltar para a avenida, diz, é um alívio.
"Todo esse tempo sem Carnaval foi bem complicado e eu percebi que tava tentando suprir a falta dos ensaios com outras coisas que eu não gosto tanto de fazer, tipo indo a festas. Quando os ensaios voltaram, eu automaticamente parei."
Apesar da animação para o feriado, em meio a retomada da vida presencial, há quem ainda tema por aglomerações. A estudante de psicologia Giulia Lombardo, 26, está planejando curtir alguns blocos de rua pequenos, mas não sabe se todos os dias do feriado ou só um.
Antes da pandemia, ela e as amigas levavam o feriado a sério e se organizavam fazendo tabelas com horários de blocos. Agora, a cena mudou. "Não sei se estou muito preparada para lidar com tanta gente depois da pandemia", diz ela que, em fevereiro, foi com alguns amigos em blocos improvisados na rua. "Bateu fervor, foi gostoso, mas rolou uma culpa por ter me exposto muito."
Hoje, ela se sente mais tranquila em relação à pandemia, com número de mortes e infectados pela Covid-19 em queda, mas diz que não se sinto tranquila em encontrar muita gente. "Dá uma assustada. Sinto uma mistura de sentimentos que envolve a vontade de querer me jogar e, ao mesmo tempo, ficar muito tensa."
Sobre São Paulo, ela avalia que nos últimos anos apresentava um aumento de infraestrutura e de blocos na rua. Neste ano, ela acha que o efeito será contrário. "Vai ser um carnaval menor, ainda mais sem o apoio da prefeitura, os blocos tiveram que se mobilizar por conta própria e, por isso, muita gente não se anima tanto."
Para a professora Maria Fernanda Mendonça de Alvarenga, 22, curtir a folia em São Paulo é estranho. Isso porque ela está acostumada a passar o feriado com a família, no sítio localizado São Luiz do Paraitinga, cidade quem tem um dos carnavais de rua mais tradicionais do interior do estado.
"Agora, vai ser mais curtir algumas festas. Não vai ser o Carnaval que a gente conhece, vai ser um tapa buraco, que vai ser bom e que o comércio precisa", diz ela que acredita que o expurgo da folia deve acontecer, mesmo, em fevereiro de 2023.
De fato, o comércio especializado em fantasias, adereços e abadás tem sentido uma melhora nas últimas semanas. Para dar conta da demanda, Rosely Ferrante, à frente da loja Rainha do Abadá, está com funcionários trabalhando em três turnos.
Ela calcula que a demanda aumentou para Tiradentes, em comparação com o feriado oficial festejado por alguns em 2022, em cerca de 30% -mesmo assim, o faturamento ainda não chega ao que foi antes da pandemia. Se em fevereiro a demanda veio, principalmente, de festas privadas em clubes e condomínios, agora é de escolas de samba e pequenos blocos.
Pierre Sfeir, dono da rede Festas e Fantasias, uma das lojas mais tradicionais do ramo na região central de São Paulo, também notou um aumento na procura. "As pessoas estão em busca de acessórios. Estamos muito felizes com isso porque nos ajuda um pouco", diz ele que calcula que as vendas para Tiradentes representam cerca de 30% do que a rede costuma vender no feriado oficial de Carnaval.
Ele lembra que, para o seu comércio, os últimos dois anos foram péssimos. "No começo do ano, estávamos apostando em um Carnaval bom, agora estamos apostando em um Carnaval para fechar as contas", afirma ele. "Estão falando que pode ser que tenha Carnaval de rua no segundo semestre, vamos ver. Isso para nós seria ótimo porque precisamos disso para sair do vermelho."
Em fevereiro, lembra Sfeir, o movimento foi ruim. "Normalmente, tem fila para entrar na loja nessa época. Nesse ano não teve nada disso, teve um ou outra criança que queria brincar no prédio e só." Para ele, bom mesmo será no ano que vem. "Vai ser uma coisa maravilhosa e o importante é sobreviver até lá."