Dados do Ministério do Turismo registram que 19% do total de turistas que visitam o Brasil apontam o Ecoturismo e o Turismo de Aventura como motivação central de sua viagem. 

*Fabio Nascimento

 

O mercado de turismo de natureza movimenta um valor próximo a 1 trilhão de dólares anuais. Absolutamente sustentável e engajador, inclusivo físico e socialmente. Atividades altamente seguras e normatizadas, sendo o Brasil referência nesse sentido, com mais de 44 normas técnicas publicadas. De praias selvagens até a possibilidade de ver neve, em mais de 373 unidades de conservação (UC), destas, 69 da categoria Parque. Temos, no estado do Rio de Janeiro, mais de 511 espécies nativas de aves, um quarto de todo o país. Somos considerados a porta de entrada do Brasil, destino considerado o mais lembrado no segmento de natureza. E por que oferecemos, e vendemos, tão poucas atividades de turismo de natureza?

 

Caminhar e realizar atividades na natureza é algo, sendo redundante, completamente natural, que realizamos desde os primórdios da nossa existência na Terra, mas que, atualmente, também se transformou em uma excelente oportunidade de negócios. Uma pesquisa do Copenhagen Institute for Futures Studies indica que das 14 megatendências da humanidade para os próximos 30 a 50 anos, 12 tem relação com o turismo de natureza. E por ser algo tão simples e natural, com potencial econômico, muitos entusiastas começam a empreender no segmento, sem a necessária capacitação para tal.

 

O Ambiente natural é realmente belo, mas tem seus perigos que podem, e devem, ser mitigados. Meios para tornar esses perigos e riscos controlados nós temos, porém, é assustadoramente comum ver “profissionais” e “instrutores” expondo seus clientes, e nosso mercado à riscos desnecessários. Mais assustador ainda é ver agências de turismo, hotéis, hostes, sites de vendas (marketplaces) e até perfis institucionais de órgãos de turismo expondo/ofertando atividades de “empresas” que não seguem as normas técnicas ... muitas vezes nem empresas são.

 

Pequenos critérios deveriam ser seguidos para a promoção destas atividades. Primeiramente, saber se é uma empresa de turismo de fato, ter o CNPJ e o CadasTur. Em seguida, toda atividade de turismo de natureza deve oferecer Seguro Aventura, então a empresa deve ter uma apólice de seguro desta modalidade válida. Finalizando, nossa legislação obriga quem oferece qualquer tipo de serviço, que este siga Normas Técnicas, desta forma, ter um Sistema de Gestão de Segurança, SGS, implementado e ter seus profissionais capacitados nas devidas normas é fundamental. 

 

Uma outra boa atitude é verificar se a empresa é associada a entidades conceituadas do segmento de ecoturismo e turismo de aventura, como a ACTA (associação de turismo de aventura do Rio de Janeiro) a nível estadual e ABETA (associação brasileira de empresas de ecoturismo e turismo de aventura) a nível nacional. Empresas que buscam o associativismo, buscam a troca de experiências e, com isso, a melhoria contínua. Então ser associado é um bom sinal que esta empresa apresenta.

 

Queremos mais visitantes de turismo de natureza, potencial que o Rio de Janeiro tem de sobra. Mão de obra também temos, precisamos qualificar e melhorar continuamente. Precisamos, também, fiscalizar. Todas as operações de turismo de natureza precisam ser feitas por profissionais qualificados, treinados para seguir as devidas normas técnicas. E as gestões estaduais, municipais e das unidades de conservação devem fiscalizar. Assim, com certeza, teremos um produto cada vez mais seguro e atrativo para nossos visitantes.

 

*Fabio Nascimento é  presidente da ACTA – Associação Carioca de Turismo de Aventura.