Assim como no futebol, a cerveja é uma paixão nacional e não poderia ser diferente entre os cearenses. A preferência pela bebida é tanta, que chega a representar, sozinha, até 20% do faturamento dos bares e restaurantes da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), segundo dados da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes no Estado (Abrasel-CE), que congrega cerca de 250 associados.

"Em alguns casos, como nas barracas de praia, o consumo até ultrapassa esse patamar, respondendo por 22% do faturamento", destaca o presidente da entidade, Ivan Assunção.

Um mercado que só tem crescido em todo o País, com as cervejas mais populares registrando acréscimo da ordem de 7% a 8% ao ano, conforme pesquisa realizada recentemente pelo Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja (Sindicerv).

Porém, o que mais chama a atenção é o salto que as cervejas especiais vêm obtendo nesse mercado. De acordo com a mesma pesquisa, o avanço chega a dobrar, revelando incremento de cerca de 15% ao ano. 

Sem os números para o Ceará, Assunção, da Abrasel - CE, no entanto, confirma a tendência localmente, revelando que do faturamento do setor na RMF, as cervejas do tipo premium ou mais elaboradas, embora mais caras, já representam de 2% a 3% do total.

"Existe aquele consumidor que não abre mão das cervejas premium, não só importadas, mas também daquelas artesanais, puro malte, feitas a base de trigo, por exemplo, que têm um processo de elaboração diferenciado, ao contrário das cervejas mais consumidas, cuja fabricação é mais simples e são produzidas a partir da cevada", explica.


Uma característica do mercado das cervejas especiais é a diversidade de rótulos. No caso das fabricadas no Brasil, a região Sudeste é a maior produtora, com destaque para o Estado de Minas Gerais, onde o setor tem crescido 25% ao ano, ocupando o segundo lugar segundo nacional na produção de cervejas especiais, de acordo com o Sindicato das Indústrias de Cerveja e Bebidas em Geral daquele Estado (SindBebidas).

Nesse contexto aparecem também as importadas. A origem dos rótulos ainda têm sido preferencialmente do continente europeu, explica Assunção, da Abrasel-CE, onde ganham posição de destaque países como Alemanha, Bélgica, Irlanda, entre outros. "É interessante trabalhar com esse tipo de cerveja. O valor agregado é maior", conta.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a venda de cervejas sustentou o crescimento do setor de bebidas durante o segundo trimestre do ano. O grupo foi um dos apontados pelo órgão dentre os que tiveram boa performance entre abril e junho, na comparação com 2011, enquanto o resultado da indústria de transformação, como um todo, recuou 5,3% no período. No entanto, esse desempenho pode estar em xeque até o fim de 2012. Até porque, de acordo com o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes no Ceará (Abrasel-CE), Ivan assunção, a cerveja vem tendo sucessivos aumentos nos preços.

Conforme disse, até a próxima semana os estabelecimentos do gênero na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), devem repassar aumento da ordem de 10% sobre o preço da cerveja, ao renovarem seus estoques, "dado que um dos maiores fabricantes da bebida, que detém cerca de 70% do mercado nacional, apresentou nova tabelas de preços nesta semana". "Para se ter uma ideia, o preço do engradado com 24 unidades de 600 ml cada, de uma das marcas mais consumidas, passou a custar R$ 74, enquanto que até a semana passada era vendido por R$ 66,80, então é só fazer as contas", afirma Assunção.

Esse novo acréscimo, destaca, ocorre depois de em maio último haver sido repassado outro aumento superior a esse patamar (13%), visto que o engradado da cerveja dessa mesma marca tinha o preço tabelado em R$ 59,00. "Então, só neste ano, os aumentos na cerveja passam dos 20%", analisa Assunção.

Até então a expectativa de majoração no preço da cerveja era esperado apenas para a partir do próximo mês, quando passariam a vales novas tabelas. Isto porque, no fim de maio deste ano, o governo federal publicou o decreto 7.742, atualizando as alíquotas das chamadas bebidas frias, que incluem a cerveja.

Segundo havia declarado o subsecretário de Tributação da Secretaria da Receita Federal, Sandro Serpa, os preços desses produtos ao consumidor final poderiam subir, em média, 2,85%. Para a CervBrasil, porém, o aumento da bebida alcoólica ficaria entre 3% e 4%.

Contatados pela reportagem, os fabricantes Ambev e Schincariol não deram retorno até o fechamento desta edição.

Fonte: Diário do Nordeste