Complexo   hoteleiro   e   residencial   a   poucos   minutos   da   Avenida   Paulista   será   inaugurado   no   final   de   2018   com   projeto   assinado   por   Jean   Nouvel

 

O arquiteto francês Jean Nouvel chega a São Paulo para apresentar seu projeto para a Torre Rosewood, extensão inovadora dos edifícios históricos da Cidade Matarazzo, projeto idealizado pelo Grupo Allard. Nouvel fez a cerimônia de lançamento da pedra fundamental do hotel junto com Alexandre Allard, presidente do Grupo, ontem, 7 de abril, ocasião que marcou o início desta fase das obras, com duração prevista de três anos. Convidado pela 12ª SP-Arte, que inaugura nesta edição um setor dedicado ao design, Jean Nouvel fará também uma palestra na série Talks, hoje, 8 de abril, às 16h, no Auditório Ibirapuera.

Com inauguração prevista para o final de 2018, o conceito da Torre Rosewood São Paulo, ou “pau-rosa”, é uma homenagem à floresta da Mata Atlântica. A obra de Jean Nouvel é um "edifício paisagem" que alimenta a exuberância vegetal local: flores, plantas e árvores tomam conta dos espaços públicos e privados da edificação, dos terraços e dos telhados. Este jardim vertical não só vai aumentar o senso de continuidade entre a torre e o seu entorno, mas também oferecer uma proteção adequada aos residentes.

“O parque do Matarazzo é uma sobrevivência. Diria até mais do que uma sobrevivência, é um oásis. É o lugar de uma urbanização calma. É o lugar de árvores incríveis: fícus, talaumas. E este hospital no meio é uma espécie de pequena cidade, muito bem organizada com seus pátios. Ao redor disso, uma cidade tumultuada. O que é interessante é trabalhar a partir da memória do lugar”, explica Jean Nouvel, prestes a realizar seu primeiro projeto na maior cidade da América Latina, tida por Alexandre Allard como um hub criativo do século XXI.

Torre Rosewood São Paulo

O complexo hoteleiro e residencial contará com 151 quartos de hóspede e 122 suítes residenciais, dois restaurantes, um bar e um caviar lounge. Os hóspedes e moradores vão ter também à disposição três piscinas, um SPA e uma área fitness. Este é o primeiro hotel-palácio de seis estrelas da marca internacional Rosewood na América Latina. Interconectada à maternidade tombada Filomena Matarazzo, construída em 1943, a Torre é um espaço de vivência e convivência, principal artéria do coração do que virá a ser a Cidade Matarazzo.

Para Alexandre Allard, “como a Lina Bo Bardi nos anos 50, Jean Nouvel tem um olho estrangeiro contemporâneo e novo que vai revelar e destacar a beleza única desta ilha poética e abandonada por mais de 30 anos. Ele vai enfrentar o desafio de inovar, criar uma extensão moderna e, ao mesmo tempo, respeitar os edifícios históricos tombados do local. É por isso que escolhi trabalhar com ele. Jean Nouvel e eu queremos o [complexo] Matarazzo, a área tem que ser preservada e rejuvenescida; foi salva pelos moradores da Bela Vista, foi protegida pela prefeitura e pelos órgãos responsáveis da cidade até ser tombada em 1986. Sua alma nos alimenta e hoje nós queremos valorizar este patrimônio de forma audaciosa e criativa.”

Com uma volumetria que quebra os códigos da linguagem racional da arquitetura da cidade, a Torre de 100 metros de altura será um marco na paisagem urbana, oferecendo um novo capitulo à história das transformações que a região da Avenida Paulista conheceu a partir dos anos 50, com a construção do Conjunto Nacional. “Na minha opinião, a arquitetura poderia ser um caminho para melhorar o caráter de um bairro ou de uma cidade”, afirmou certa vez Jean Nouvel quando indagado do papel da arquitetura na transformação do seu entorno.

Segundo Maurício Linn Bianchi, diretor de construção do Grupo Allard, o projeto é inovador não somente pela matéria com a qual é feito, mas também pela maneira. Com mais de 800 empregados diretos e 8000 indiretos, os 140 mil m2 de construção estão revolucionando a indústria local. “Precisávamos enfrentar um novo desafio: quando o esquema clássico de construção possui apenas 20% de especialistas, o projeto do Matarazzo pretende elevar esse número para 40%. Procuramos o melhor corpo de trabalho, de norte a sul. Estamos implementando um novo treinamento e uma nova cultura de luxo que não é importada, que não é o padrão, e sim pensada a partir dos melhores artesãos, ferreiros, serralheiros e marceneiros brasileiros. As obras do Matarazzo não são somente uma construção, mas um trabalho minucioso e artesanal de restauro”, afirma.

Em dezembro de 2016, os quatro primeiros pisos estarão concluídos; em abril de 2017, todos os 22 pisos.