2012 será um ano emocionante para a aviação comercial brasileira.
Cláudio Magnavita
O ano de 2012 será de mudanças na aviação comercial brasileira. Um novo cenário poderá surgir. A primeira delas é a possibilidade de fusão da Gol com a Webjet. Os seus reflexos poderão ser maiores que o inicialmente imaginado. A Web é um fenômeno. Completa agora em janeiro a marca de 14 milhões de passageiros transportados. É uma marca identificada com preços baixos e conseguiu avançar em um segmento de mercado onde voa sozinha. Fidelizou a classe C e D, popularizando o transporte aéreo e levando o passageiro a trocar o ônibus pelo avião.
Ao namorar e quase noivar com a Ryanair, a Web radicalizou no Brasil o modelo low cost. Até água é cobrado a bordo. Os aviões vivem cheios porque as regras da passagem superbarata são claras. A Gol há muito tempo abandonou o modelo original. A única que teve coragem para se radicalizar foi a Webjet, que criou um novo mercado e, se sair, vai deixar esta lacuna para outra entrante. O quartel general da empresa possui apenas 300 funcionários, funciona em um único andar no aeroporto do Galeão. A companhia desenvolveu o seu próprio DNA e absorveu funcionários da Varig, TAM e da Gol. A sua absorção pela Gol seria automática. A área operacional é totalmente combatível e poucos dos 300 funcionários da sede carioca aceitariam a mudança para São Paulo. O que aparenta ser um bom negócio, pode ser péssimo a longo prazo. Os acionistas da Gol, mantendo a Web, teriam no seu portfólio uma marca popular (Webjet), uma marca nacional (Gol) e uma marca internacional (Varig). Todas complementares.
Outra empresa que deve surpreender em 2012 é a Avianca. A chegada dos Airbus 320 deu musculatura à companhia, agora focada no Nordeste. Algo parecido com a Transbrasil na década de 80. Os voos da Ponte Rio-São Paulo já são um sucesso. A contratação de Tarcísio Gargioni deixou a empresa mais próxima do mercado.
Já, a Azul esquenta os motores para entrar nos aeroportos de Guarulhos e Congonhas. A direção da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) já anunciou que estabelecerá nova regras para operações nestes dois aeroportos. A necessidade de estabelecer uma concorrência real para a Gol e a TAM deverá beneficiar a Azul como a terceira força do mercado. A empresa ganha uma musculatura em novos mercados, operando os ATRs. É incompreensível que os passageiros fiquem privados dos serviços da empresa nos dois aeroportos mais importantes do País. O excesso de regulamentação pune exatamente aquela que está conquistando o mercado pela qualidade e pelo preço. Quem perde é o passageiro.
Finalmente, a TAM. A fusão deverá caminhar a passos largos e a divisão da empresa em duas unidades de negócios é preocupante. O Brasil perderá a sua empresa de bandeira, que passará a ter no internacional o comando chileno e a TAM Brasil (doméstico) terá como piloto um neófito em aviação. Com a Gol ganhando força com o casamento com a Delta e a compra da Webjet, a Azul ganhando os aeroportos de São Paulo e a Avianca recebendo novos aviões da Airbus, o foco de toda a concorrência será abocanhar o mercado que hoje é da TAM. Aposte-se que na troca de comando e com a chegada dos chilenos, a empresa ficará vulnerável, podendo perder parte do seu espaço atual.
Sem dúvidas, 2012 será um ano emocionante para a aviação e no qual o passageiro poderá sair lucrando com o acirramento da concorrência.
