Recuperação do acesso ao Corcovado deve servir como exemplo.
Cláudio Magnavita, presidente da Aver Editora
O efeito catastrófico das chuvas atingiu um dos ícones do turismo carioca. Pela primeira vez o Cristo Redentor ficou completamente isolado e sem nenhum acesso por via terrestre. A paralisação da Estrada de Ferro do Corcovado serve para mostrar a importância que este equipamento possui para a cidade. Perdemos, mesmo que temporariamente, um dos ícones do nosso turismo. A força das chuvas foi impiedosa com trechos da estrada que tiveram parte do seu leito de pedra arracado, deixando os trilhos suspensos no ar.
Uma intervenção urgente terá de ser realizada e obras de contenção das encostas para que o acesso a uma das vistas mais bonitas do mundo possa ser retomado.Só de receita de bilheteria o volume das próximas três semanas deveria ultrapassar R$ 4 milhões.O Ministério do Turismo, o Governo do Estado do Rio e a Prefeitura devem adotar uma medida emergencial para restaurar o acesso ao Corcovado. O mutirão deve ser similar ao que foi realizado no Peru quando também as chuvas isolaram um dos ícones daquele país, as ruínas de Machu Pichu. Por ironia, lá também ficou danificado o acesso ferroviário.
A recuperação da Estrada de Ferro do Corcovado deve ser responsabilidade do poder público, que deve aproveitar as obras para melhorar a proteção das encostas e evitar que a mesma cena se repita em um ano de Copa ou de Olimpíadas.A maior prova que o Rio pode dar do seu poder de recuperação e da sua reação à tragédia é a reabertura do seu símbolo maior do turismo. Da mesma forma se a Geo-Rio for morosa na recuperação do Corcovado, estaremos dando ao mundo uma demonstração de passividade e incompetência.Regularizar o fluxo diário dos 2,5 mil turistas que visitam diariamente o Corcovado é uma meta que deve ser de todos, sem esquecer a responsabilidade da União, que é o Poder Concedente da ferrovia.Trata-se de uma bandeira que deve unir todo o trade turístico carioca. Deve ser visto como um símbolo da capacidade de reação da sociedade perante uma catástrofe que deixará cicatrizes profundas na história da cidade.
Temos a sorte de ter a frente da estrada do Corcovado um nome que é um dos líderes do turismo do Rio, Sávio Neves, que saberá mobilizar as forças políticas para que o turismo mostre a sua capacidade de reação. A responsabilidade do ministro do Turismo Luiz Barretto é grande e ele saberá dar o seu apoio também neste momento. Ele já foi chamado pelo governador Sérgio Cabral como o “Ministro do Rio”. A próxima reunião do Conselho Nacional de Turismo será uma boa oportunidade para tornar publica uma ação do Ministério neste sentido.
Uma prova do desprendimento de Sávio Neves é que, no meio do furacão que se abateu no seu próprio negócio, arranjou tempo para pensar na cidade como um todo e vai promover na próxima sexta-feira, no Conselho que preside na Associação Comercial do Rio, uma palestra do ex-secretário de Turismo de Minas, Antonio Henrique, sobre a reação das cidades turísticas que sofreram catástrofes naturais.
Ele vai mostrar o caso da tsunami de Phuket na Tailândia, com o apoio da Organização Mundial de Turismo, o que foi feito depois do 11 de Setembro em Nova York e o ciclo de festas catarinenses, especialmente a Oktoberfest, depois da grande enchente de Blumenau. Antonio Henrique vai mostrar como, no mundo, o turismo foi usado para recuperação a partir de um clima de união.
O Rio precisa mostrar que a união será o combustível da sua recuperação!
