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No Rio Grande do Sul, o chimarrão é mais do que um símbolo da tradição. Herança cultural dos índios guaranis, o chimarrão está presente na maneira acolhedora de receber os visitantes e na forma autêntica de celebrar a vida. Estima-se que 11 milhões de gaúchos se unam na paixão por essa bebida simples feita de água quente e erva-mate, que ganhou uma data no calendário: 24 de abril, o Dia Estadual do Chimarrão.
A capital, a rota e a escola do Chimarrão
A popularidade da bebida levou o estado a eleger Venâncio Aires a Capital Nacional do Chimarrão, um município localizado na Região do Vale do Rio Pardo, a cerca de 130 km de Porto Alegre. A movimentação econômica gerada pelo ciclo da erva mate rendeu à cidade não só o título, mas também a criação de uma Feira Nacional do Chimarrão, a Fenachim. É uma vocação natural para o pequeno município de 65 mil habitantes, que produz anualmente cerca de 3,5 mil toneladas de erva para chimarrão e fatura R$ 1,9 milhão apenas com produto, de acordo com a prefeitura.
O sabor do chimarrão movimenta o turismo e a economia de Venâncio Aires. É o caso da Rota do Chimarrão, que reúne paisagens e atividades tipicamente gaúchas, combinando arquitetura, gastronomia e turismo rural. Os visitantes podem até participar de uma aula sobre a preparação da bebida. Na Escola do Chimarrão, os turistas aprendem a fazer 36 tipos diferentes de “chimas”, como é carinhosamente chamado, além de conhecerem as regras de etiqueta para compartilhar o “mate”. Segundo Rejane Pastore, secretária executiva do Instituto Escola do Chimarrão, nos últimos quatro anos cerca de três mil pessoas passaram pelo local e tiveram contato com a história, o processo de fabricação e os dez “mandamentos” do chimarrão.
De acordo com Rejane, por envolver a cultura e as tradições gaúchas, o hábito de tomar chimarrão desperta a curiosidade e atenção das pessoas que vêm de fora. Foi o que aconteceu com o professor português Rui Trindade, que visitou a escola no último dia 17. “A experiência me fez aprender, compreender e sentir acolhido. Como ser humano, tive mais uma lição de vida. Senti-me em casa, vivi uma situação de hospitalidade única”, disse.
Arte com sabor de erva-mate
A cultura do chimarrão é própria do gaúcho, mas também vai além das fronteiras do estado. O artista plástico gaúcho Paulo Gobo produziu uma série de 16 pinturas, em óleo sobre tela, que retratam elementos da preparação e ritual social da “Roda de Chimarrão”, nome da exposição. De acordo com Gobo, o argumento da série é uma reflexão sobre a preservação da identidade gaúcha. “Tomar chimarrão é um dos hábitos que atravessaram anos e ainda hoje é o que nos define. A ‘roda’ é a essência do chimarrão, quando eu convido as pessoas para a minha casa e ofereço um chimarrão indistintamente, essa é uma maneira de acolher”, diz. As telas serão expostas este ano no Museu de Arte de Cascavel (PR) e no Centro Cultural Câmara dos Deputados, em Brasília (DF).