Companhia é responsabilizada por acidente com avião da VoePass e ignora famílias das vítimas.

Até agora a empresa LATAM Airlines não deu um pio sobre os seus passageiros que morreram no acidente com o avião ATR72. Estão agindo como se o problema fosse da empresa que operou o voo vendido como LATAM e que colocaram os passageiros dentro de uma arapuca aérea.

Quem comprou passagem na LATAM fez um contrato com a empresa chilena e não com a companhia regional. O cartão de embarque era LATAM e o bilhete também. A responsabilidade de colocar seus clientes em uma operação duvidosa foi da companhia, que agora age como se não tivesse nada com isso.

O pior é o papel da Agência Nacional de Aviação (ANAC), que até agora não chamou a LATAM para as suas responsabilidades. O passageiro ou empresa que entrou no site da companhia e fez a compra achou que estava comprando um produto com a qualidade e serviço da LATAM. Ao usar o avião da antiga Passaredo foi realizado um fretamento parcial, no qual você usa os serviços como rotas complementares e distribui uma parte da receita de viagens de curso maiores. Os passageiros que morreram e que iam para o Nordeste fariam uma escala em Guarulhos e de lá embarcariam em aeronaves da vermelhinha. A Voe Pass funciona como um serviço alimentador regional dos voos maiores. Tudo em um sistema só.

Uma empresa aérea, ao fornecer um código compartilhado e assumindo um voo de terceiros, como se fosse seu, endossa a operação do outro. É exatamente por isso que é inaceitável o silêncio da LATAM e a falta de assistência às vítimas e seus familiares. O problema é que a Voe Pass, nome que camufla a Passaredo, é uma empresa doente, com dívidas e dificuldades operacionais.  

A regional migrou para a LATAM como fruto de uma briga com a Gol. Ela foi deduzida com a oferta de suporte financeiro e até futura participação societária. Mudou para a vermelhinha de mala e cuia, levando junto seus problemas.

Quem escolhe uma companhia aérea o faz por vários fatores, entre eles a segurança, idade da frota e qualificação dos seus tripulantes. As grandes, a laranjinha Gol, a azulina Azul e a vermelhinha LATAM, têm uma realidade operacional bem diferente da amarela VoePass, que tem a sua sede em Ribeirão Preto.

A LATAM tem que vir a público e assumir a sua responsabilidade em colocar os seus passageiros nesta operação que teve desfecho fatal. A ANAC precisa agir e as famílias devem lutar pelos seus direitos. Nesta história tem um Golias tentando se esconder e tapar o sol com uma peneira.

 

*Diretor de Redação do Correio da Manhã