Os tapetes de sal, uma tradição no dia de Corpus Christi, voltaram a enfeitar a entrada e o corredor central da Catedral de São Sebastião, no Centro do Rio de Janeiro. A celebração não aconteceu nos dois últimos anos por causa da pandemia de Covid-19. Fiéis e voluntários começaram a montar os tapetes na madrugada desta quinta-feira (16/6).

Por conta da procissão, à tarde, diversas ruas do Centro foram interditadas ao trânsito. O cortejo sairá da Igreja da Candelária em direção à Catedral Metropolitana, na Avenida Chile.

Por: Nina Rocha

Depois de dois anos sem a procissão sobre tapetes coloridos de Corpus Christi, paróquias de cidades com a tradição na festa projetam retomar o público de 2019, de antes da pandemia de coronavírus.

Entre as cidades históricas de Minas Gerais, Ouro Preto projeta receber 5.000 pessoas na quinta-feira (16), e Sabará, 1.000 pessoas, público semelhante ao estimado da última festa presencial, de 2019.

Já Matão, no interior de São Paulo, espera um volume ainda maior de pessoas, entre 30 mil e 40 mil pessoas, público semelhante ao da celebração em 2019.

Em Ouro Preto, a celebração começará na paróquia de Nossa Senhora do Pilar, com uma procissão até a Igreja de Nossa Senhora das Mercês e dos Perdões.

A prefeitura colabora com a logística do trânsito e a doação do material para a confecção de tapetes pela comunidade local, como meia tonelada de serragem colorida, cal e pó de café reutilizado. O trajeto se estende por aproximadamente 3 km.

"A comunidade aguarda com alegria a oportunidade de retomar todas as atividades presenciais na Igreja", comenta o pároco da Matriz de Nossa Senhora do Pilar, Padre Adilson Ubelino Couto.

A primeira celebração a ser retomada foi a Semana Santa, onde houve grande participação de fiéis locais e visitantes.

Na Região Metropolitana de Belo Horizonte, a Secretaria Municipal de Cultura de Sabará convocou a população para participar da confecção de 400 metros de tapetes de serragem por meio da campanha Mãos de Fé, cuja montagem está sendo iniciada nesta quarta (15), na véspera do feriado.

Ao longo do dia, serão moldados em serragem, sal, pó de café, pedrarias e corantes imagens de Jesus, cálice de vinho, Santa Hóstia e outros elementos temáticos.

A primeira missa acontecerá na quinta-feira, a partir das 8h, na Igreja de Nossa Senhora do Rosário, no Centro Histórico da cidade, seguindo percurso tradicional até a Igreja Nossa Senhora da Conceição. Além das atividades religiosas, a Prefeitura de Sabará promove atividades culturais que envolvem música, artesanato, oficinas de confecção de minitapetes e uma exposição de fotografias de celebrações de Corpus Christi anteriores.

O Secretário de Cultura de Sabará André Alves espera que a festividade atraia cerca de mil pessoas, mesmo público que participou do evento nos anos anteriores à pandemia. "É um momento importante para Sabará como destino turístico, oportunidade que os visitantes têm para conhecer mais da cidade, da sua história e seu patrimônio preservado", destaca.

Em Matão, no interior paulista, a festividade é considerada patrimônio cultural e histórico da cidade. Para os tapetes ornamentais que ocuparão 12 quarteirões, serão utilizadas 70 toneladas de dolomita.

Os desenhos mais simples serão feitos a partir de moldes personalizados, confeccionados de acordo com a solicitação de grupos responsáveis. Artistas, estudantes e voluntários começarão a moldar os tapetes mais elaborados às 4h da manhã de quinta-feira.

Para um público esperado de 30 mil a 40 mil pessoas, a Prefeitura de Matão mobilizou diversas secretarias municipais, como cultura, educação e finanças.

Ao longo de dois dias de festividade, a população local e visitantes terão opções de lazer como shows, intervenções artísticas, exposições de flores e artesanato acontecendo em dois núcleos diferentes.

A programação terá um custo de R$ 300 mil e a expectativa é que os turistas possam gerar uma receita que torne o evento sustentável financeiramente para a cidade.

O Secretário de Administração e Finanças de Matão, Willian Di Gaetano Bassi diz que há uma procura crescente de pessoas em relação à celebração deste ano. "A festa ficou dois anos sem ser feita da forma funcional."

Bassi também nota que já existe uma movimentação na cidade para o feriado. "As pessoas estão vindo para cá e tem tido o sentimento de nostalgia, de voltar a visitar e ver os tapetes lindos que Matão proporciona a toda região."

Por: Bruno Lucca

Na madrugada desta terça (14), o Parque Nacional do Itatiaia (no interior do estado do Rio de Janeiro) registrou -11,4°C, a temperatura mais baixa do Brasil neste ano.

Após a marcação, por volta das 2h, a estação meteorológica que registrou o recorde de frio, às margens do rio Campo Belo, parou. Sua antena foi afetada pela baixa temperatura.

Em nota, o parque afirma que o registro poderia ter sido de frio ainda mais intenso caso a antena não tivesse seu funcionamento interrompido.

"Acreditamos que, por volta das 5h, a temperatura tenha ficado próxima de -13°C. Mas a marcação oficial de hoje, mínima, ficou de -11.4°C".

O frio intenso não é exclusividade do parque na Serra da Mantiqueira. Desde a última sexta-feira (10), uma frente fria que passou pelo Sul derrubou as temperaturas no Sudeste e Centro-Oeste do país.

Na cidade de São Paulo, a temperatura chegou a 0°C na manhã de ontem (13). Nesta terça-feira (14), termômetros registram média de 10°C e máxima não deve superar 17°C.

Os próximos dias seguem com sol e temperaturas em gradativa elevação. As madrugadas, porém, continuam geladas na Grande São Paulo.

Na quarta-feira (15), apesar do sol favorecer a elevação das temperaturas, sensação de frio vai persistir, com mínimas em torno de 10°C durante a madrugada e máximas abaixo de 19°C no período da tarde.

Por: Joana Cunha 

O processo de relicitação do Aeroporto de Viracopos foi prorrogado por dois anos. A resolução, publicada nesta terça-feira (14), é assinada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes.

A medida é mais uma reviravolta na novela de Viracopos. A relicitação se arrasta há anos, com uma arbitragem entre Anac e a concessionária aberta em novembro de 2021.

"A conclusão do processo de arbitragem antes da realização do leilão vai possibilitar o cumprimento do direito de o atual concessionário receber toda a indenização antes de deixar o ativo. Aliás, essa garantia foi fundamental e decisiva para que a concessionária pudesse aderir ao processo de relicitação", afirma a concessionária em nota.

Por: Mauren Luc

Fósseis de uma floresta com 165 árvores foram encontrados dentro de rochas na cidade de Ortigueira, no Paraná. A descoberta retrata formas de vida de 290 milhões de anos. Com raízes ainda fixadas no substrato de então, as árvores preservam sua posição vertical, o que é raro.

Só há registros disso na Patagônia e no Rio Grande do Sul. O achado deve colaborar para estudos sobre evolução biológica, geológica e de ecossistemas e climas do passado.

A pesquisa é de Thammy Ellin Mottin, doutoranda em geologia na UFPR (Universidade Federal do Paraná), e teve a colaboração de pesquisadores da Universidade da Califórnia, em Daves (EUA). O artigo foi publicado no periódico Palaeogeography, Palaeoclimatology, Palaeoecology.

"A floresta de licófitas de Ortigueira é a de maior importância entre todas as outras raras ocorrências em todo o hemisfério sul da Terra", afirma Mottin.

Ela conta que na época em que essa floresta existiu, há cerca de 290 milhões de anos, o hemisfério sul estava unido em um único continente chamado Gondwana -formado por América do Sul, Austrália, África, Antártica e Índia.

A descoberta, diz a pesquisadora, é a mais importante em termos de qualidade de preservação e números de árvores preservadas.

"Em outros dois locais em que as licófitas ocorrem preservadas em posição de vida (Patagônia Argentina e Rio Grande do Sul), os troncos estão deformados e em número muito inferior", acrescenta ela, lembrando que as plantas foram uma das primeiras a colonizar o ambiente terrestre. 

No total, foram encontradas 165 árvores. Destas, 115 estão expostas em cortes de uma nova estrada e trilho de trem, abertos recentemente na região. Outras 50 foram detectadas na subsuperfície. "Com certeza deve haver centenas de outras delas ainda."

O achado dos fósseis ocorreu durante trabalhos de campo, em 2018, em conjunto com pesquisadores da Universidade da Califórnia. "A descoberta foi uma verdadeira surpresa, pois estávamos lá apenas para retirar algumas amostras para análise química e estudar as rochas da região", afirma a pesquisadora brasileira.

Mottin acredita que eles foram os primeiros geólogos a analisar o terreno, já que a estrada foi aberta no local há pouco tempo. De acordo com ela, a obra deveria ter tido melhor análise geológica antes de iniciar.

"Acho que ela prejudicou bastante, pois descartaram muito material sem saber do que se tratava. Mas ao mesmo tempo, se não tivessem construído, talvez ninguém teria achado."

Entre análises de campo e laboratório, a equipe trabalhou sobre a floresta fossilizada por um ano. "Mas o artigo demorou um pouco para ser publicado porque, nesse intervalo, houve um intercâmbio para a Universidade da California e a pandemia."

O doutorado, que ela defende no início de julho, tem como tema o estudo da glaciação do final da Era Paleozoica, e a mudança para um período pós-glacial, que ocorreu há cerca de 300 milhões de anos.

"Esses eventos climáticos antigos são utilizados como análogos para o atual clima da Terra, que se encontra em uma fase glacial, e cuja passagem para o período pós-glacial ainda não ocorreu, ocorrerá daqui a milhões de anos", explica Mottin. "Mas ninguém sabe prever como e quando, por isso estudamos os registros antigos."

Segundo ela, a existência dessas árvores é o registro de um evento de mudança climática único do passado, "considerado a passagem de um estado de 'icehouse' (período glacial) para um de 'greenhouse' (pós-glacial ou efeito estufa) entre o Carbonífero e o Permiano".

A raridade nesta floresta está no fato de ter sido fossilizada em pé. "O processo natural de morte das árvores termina com elas apodrecendo e caindo no chão, no substrado que elas colonizavam. Ou as partes dessa árvore são levadas por rios, água do mar, indo para longe do seu habitat."

No caso da floresta de licófitas de Ortigueira, as árvores foram soterradas por sedimento ainda enquanto estavam vivas. "O processo foi tão rápido e catastrófico que elas permaneceram no exato local onde viviam e foram progressivamente cobertas por sedimentos provenientes de uma inundação fluvial gigante."

As árvores não caíram, pois o sedimento invadiu o local onde elas habitavam, às margens de um rio, em uma área costeira. "A melhor comparação é imaginar uma floresta e centenas de caminhões de areia serem jogadas ao redor delas. Elas não serão derrubadas, pois a areia está 'protegendo' e, ao mesmo tempo, matando-as."

Mottin e outros pesquisadores do Departamento de Geologia da UFPR, do Laboratório de Análise de Bacias (LABAP) e da Universidade da Califórnia conseguiram mapear cerca de 50 árvores em subsuperfície. Eles utilizaram uma técnica chamada de radar de penetração no solo (GPR em inglês, "ground penetration radar"), que traz indícios do que há abaixo do solo.

O próximo passo necessário, adianta Mottin, é a criação de um projeto de conservação. "Ele tem que ser feito por órgãos competentes, como o Serviço Geológico do Brasil (CPRM), que trabalha com conservação do patrimônio geológico, através da criação de sítios geológicos e paleontológicos", conclui.

Por: Marcelo Toledo

Mais de 40 vagões abandonados há muitos anos, lixo no vão entre os trilhos e a plataforma de embarque, mato tomando conta dos vagões, pichações em toda a estação, a maioria dos vidros quebrados e parte da estrutura principal desabada.

Esses são alguns dos muitos problemas que a principal estação ferroviária de Corumbá, a última da rota iniciada em Bauru da extinta Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, apresenta.

Batizada como Trem da Morte devido aos incidentes ocorridos com a gradual perda de investimentos na ferrovia e também por conta do Trem da Morte original, que liga Puerto Quijarro, cidade boliviana vizinha a Corumbá, a Santa Cruz de la Sierra, a rota da Noroeste do Brasil era composta por 1.272 quilômetros e foi percorrida em toda a sua extensão pela Folha.

A rota boliviana ganhou o nome devido ao grande número de acidentes e por ter sido, no passado, utilizada para o transporte de doentes.

Moradores da região da estação dizem que o local está abandonado pelo menos desde 2015 e que é constantemente utilizado por moradores de rua e usuários de drogas, que contribuíram para provocar os estragos, inclusive um incêndio.

Os bancos que um dia foram instalados hoje estão quebrados e seus pedaços estão jogados em meio a restos de comida e embalagens plásticas. No banheiro, tudo foi quebrado e havia roupas no chão, além de um forte mau cheiro.

Janelas de ferro e portas também foram arrancadas e cacos de vidros das janelas quebradas há anos ainda estavam espalhados no local quando lá estive com o repórter fotográfico Eduardo Anizelli.

"A última vez em que foi pintada houve conversa de reativação de um trem turístico até Miranda, mas ficou só na conversa. Ninguém cuida desse lugar", disse o motorista de aplicativo Augusto Ferreira, que costuma ficar na região à espera de chamadas de usuários.

A Noroeste do Brasil, que começou a ser construída em 1905, passou a fazer parte da RFFSA (Rede Ferroviária Federal S.A.) em 1957, onde ficou até a concessão à Novoeste na década de 90.

Da empresa, em parceria com a Ferroban e a Ferronorte surgiu a Brasil Ferrovias, que depois passou a ser Nova Novoeste, até ser incorporada à ALL (América Latina Logística).

Esta, por sua vez, foi absorvida pela Rumo Logística, atual detentora da concessão da ferrovia, mas o contrato inclui apenas algumas estações -não é o caso da estação de Corumbá.
Das 122 estações erguidas entre Bauru e Corumbá, ao menos 80 foram demolidas ou estão em processo avançado de deterioração, abandonadas ou fechadas, sem uso algum. A maior parte delas está sob responsabilidade do governo federal.

A cidade sul-matogrossense, dada a sua extensão territorial, chegou a ter 11 estações ferroviárias, a maioria delas sem uso algum ou demolidas.